sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Análise de nossas vidas 2.




         Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vai mudar-nos?

         A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar. A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontecem, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.

[...]

O Império do consumo, Galeano, Eduardo.

           Nessa semana tivemos o lançamento do famoso iphone cinco, muitas pessoas foram às lojas com seu desejo compulsivo de comprar e terem em mãos esse novo aparelho. Agora você já notou que por mais que compramos um novo aparelho no mercado, nunca nos daremos por satisfeito! Esse vazio nunca será preenchido quando credenciamo-lo ao desejo de ter algo. Engraçado né? Lutamos para ter, parcelamos em 10 vezes, não nos importamos se vai metade do salário no fim do mês. Só em comprar é o que importa. É o ter que muitas vezes não nos deixa ter paz. Voltando ao iphone ouvi pessoas comentando o lançamento do novo, sendo que estas tinham o antigo (iphone 4) e nem sabiam mexer nele ainda, mais já queriam deixá-lo no canto e terem o novo. Isso sempre vai existir nessa nossa sociedade. Essa queixa do querer ter. Leva-nos a esse declínio de amar mais os objetos do que as pessoas. “Hoje é o cachorro virtual enquanto isso o de carne e osso é deixado para trás”. O consumismo desenfreado destrói a raça humana fazendo dos objetos caricaturas que temos de ter para alcançar algo que nunca teremos, esses são os falsos deuses da nossa era que cada vez mais cultuamos. Pense nisso!     
Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. Semelhantes a eles sejam os que fazem, e todos os que neles confiam. 
Salmos 115:4-8


                           

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