Os donos do mundo usam o mundo como se
fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como se
esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da
televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no
mercado. Mas para que outro mundo vai mudar-nos?
A explosão do consumo no mundo atual
faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os
carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta,
emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande
bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a
cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora
da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só,
acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar. A expansão
da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O
sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os
pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontecem,
os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.
[...]
O Império
do consumo, Galeano, Eduardo.
Nessa semana tivemos o lançamento do
famoso iphone cinco, muitas pessoas foram às lojas com seu desejo compulsivo de
comprar e terem em mãos esse novo aparelho. Agora você já notou que por mais
que compramos um novo aparelho no mercado, nunca nos daremos por satisfeito!
Esse vazio nunca será preenchido quando credenciamo-lo ao desejo de ter algo. Engraçado
né? Lutamos para ter, parcelamos em 10 vezes, não nos importamos se vai metade
do salário no fim do mês. Só em comprar é o que importa. É o ter que muitas
vezes não nos deixa ter paz. Voltando ao iphone ouvi pessoas comentando o lançamento
do novo, sendo que estas tinham o antigo (iphone 4) e nem sabiam mexer nele
ainda, mais já queriam deixá-lo no canto e terem o novo. Isso sempre vai
existir nessa nossa sociedade. Essa queixa do querer ter. Leva-nos a esse declínio
de amar mais os objetos do que as pessoas. “Hoje é o cachorro virtual enquanto
isso o de carne e osso é deixado para trás”. O consumismo desenfreado destrói a
raça humana fazendo dos objetos caricaturas que temos de ter para alcançar algo
que nunca teremos, esses são os falsos deuses da nossa era que cada vez mais
cultuamos. Pense nisso!
Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos
do homem. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas
não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas
não andam; nem som algum sai da sua garganta. Semelhantes a eles sejam os que
fazem, e todos os que neles confiam.
Salmos 115:4-8
Salmos 115:4-8
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